sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Evasão escolar preocupa no Amazonas


Apesar de ter registrado uma leve queda no índice de abandono escolar no ensino médio nos anos de 2008 e 2009, a situação do Amazonas ainda é preocupante, como afirma o gerente do Ensino Médio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), Edson Melo.
Mais de 20 mil dos 149,3 mil matriculados desistem de estudar, embora o índice de evasão venha caindo de 15,1% em 2008 para 14,3% em 2009. Não estão disponíveis os números de 2010.
No Brasil, de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Unibanco, apenas metade dos 10 milhões de brasileiros entre 15 e 17 anos está matriculada em uma das três séries dessa faixa de ensino.
O desinteresse pelo conteúdo apresentado em sala de aula é a justificativa dada a esse comportamento.
Em Manaus, escolas vêm fechando as portas à noite para turmas do ensino médio devido ao abandono dos estudantes matriculados, fenômeno que vem ocorrendo em outras escolas de outras zonas.
Edson Melo explica que, por trabalhar com um público adulto nessa faixa de ensino, não há como a secretaria controlar a frequência, o que vem sendo feito no ensino fundamental.
“Eles são donos do próprio destino, mas não atentam para os prejuízos que esse comportamento trará”, argumenta Edson, citando entre as causas desse problema a dificuldade de entrosamento do jovem com mais de 20 anos em defasagem escolar, pois em salas de aulas do ensino médio a faixa etária da maioria dos alunos é de 15 a 17 anos.
Eles se sentem deslocados, o que os desestimula a continuar, reconhece.

Sensibilização

Edson admite a necessidade de sensibilização aos jovens quanto aos riscos desse tipo de comportamento, já que sem o ensino médio completo ele reduzirá em muito as oportunidades no mercado de trabalho, embora o fato de começar a trabalhar seja o fator que mais contribui para afastá-lo da escola que só pode frequentar à noite.
“Ele tem que entender que sem estudo está jogando seu futuro fora, pois o mercado de trabalho quer pessoas qualificadas”, afirma Edson Melo, informando que a Seduc está desenvolvendo um projeto para trabalhar a importância do término da educação básica e do ensino médio como forma de acesso e oportunidades no mercado de trabalho tanto na capital quanto no interior do Estado.
Como são várias as causas do problema, ele diz que as estratégias têm que ser diversas. O importante, segundo afirma, é conseguir passar o valor da escola e da escolaridade para o presente e o futuro do jovem.
“Embora existam várias causas para esse problema, a mais importante é a falta de financiamento na educação. Hoje, o jovem está muito exposto à propaganda só o estimulando a consumir e ele acaba vendo a escola como impedimento para ir ao mercado de trabalho, sem entender que com isso compromete todo o seu futuro”, avalia a presidente do Sinteam, Ísis Tavares.
Para ela, a escola tem que ser moderna para atrair e manter o aluno.
“Entendemos que a escola de tempo integral, por exemplo, é a alternativa para não deixar que os jovens fiquem à mercê das drogas, onde começam a pensar que vão ganhar dinheiro fácil, ao contrário de estar estudando”, destaca.
Ela também chama a atenção para o fato de que muitos investimentos têm sido feitos na educação nos últimos anos, mas ainda é pouco para deixar a escola mais atrativa para que o jovem veja nela um futuro e não um fator a atrapalhar sua vida.

Combate

A adesão da Seduc ao programa do Ministério da Educação (MEC), denominado Ensino Médio Inovador, tem o objetivo de incentivar a diversificação dos currículos escolares de unidades de ensino das redes estaduais para tornar o aprendizado atraente.
Esse programa está sendo desenvolvido em escolas de dez municípios do interior.
Outra ação de combate ao abandono é feita com o Programa de Redução ao Abandono Escolar (Prae), que leva técnicos das secretarias a buscar localizar os alunos que abandonam a escola.
“Há pessoas monitorando a frequência e quando o aluno se ausenta por muito tempo a procura é feita em casa e no trabalho. O programa tem mais sucesso no interior por conta da facilidade em localizar o estudante, mas ele acontece também em Manaus”, disse Edson Melo.

Dados

A taxa de evasão escolar, no ensino médio das escolas da região Norte, é de 14,7%.
Em seguida vem a região Nordeste, com um índice de 14,2%, e o Centro-Oeste, com 10,7%.
O Sul e o Sudeste apresentaram índices de 8,3% e 7,1%, respectivamente.
Segundo o MEC, anualmente, 3,6 milhões de adolescentes iniciam o primeiro ano, mas apenas 1,8 milhão finalizam o terceiro. 

Fonte: A CRÍTICA

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